quarta-feira, 7 de julho de 2010

Pétalas ao Vento

Seu nome como flor
pétalas suaves e leves
Fingindo não sentir dor
por dentro se esvazia perdendo o amor

Não podemos mandar em nada
nos enganamos, mas não podemos
e quando vemos, elas voaram em pedaços
e não poderemos mais, nunca mais voltar a ver a flor novamente

pode cavar, ter suas unhas cravadas
na terra seca que antes viva
remexia e agora morta
não traz nada, mais nada

Por isso sentamos e olhamos o vento
pra quem sabe um dia ele traga de volta
o que sabemos ser impossível
a flor que despedaçamos, mas inteira

Não, ela não vai voltar inteira
Levanta porque o tempo limpa o que sobrou
e o jardim floresce, porque é assim debaixo do sol
como um círculo vicioso, e novamente
viciado estarei pelo cheiro de outra flor.

Jovens Tempos

Jovens tempos
Jovens tristes
só porque não entendem
não quer dizer que não sintam

Mas pode voltar?
Pode sentir novamente?
e porque sempre é o que menos esperamos?
Do nada surge e você mergulha.

Mas quem disse que estamos presos ao tempo?
Somos nostálgicos, somos esperançosos
Mesmo no irreal e ilusório
E quando pensávamos estar vacinados
Nos infectamos novamente

Mas sim, acaba, daí o sentimento jovem
e sim, você vai passar, todos passam
qualquer hora, qualquer idade
porque não estamos presos ao tempo

Mesmo que muitos digam
não, não quero estar preso ao tempo
não sou limitado e não me deixo limitar
por isso sofro e muitos sofrem

Porque alguns como eu não somos presos
não somos fechados, enterrados
por isso sofremos e dizemos
que os jovens tempos, sim
eles voltam e sofremos.

sábado, 29 de maio de 2010

Brilho no escuro

Como um todo me sinto acordando
Graças a o frio de um vento
que no meu rosto em uma noite desacompanhado
percebi que meu espelho está quebrado

E cacos, feridas abertas, como não as vi
Não é essa vida, não são esses momentos que quis
assim como a água gelada te faz acordar
o vento gelado em meu rosto me fez enxergar

E cegar, a mim me feri
a minha mente tentei enganar
e destituído de qualquer semelhança com o mais puro
e no meu fundo, vi a tampa do poço se abrir

Olhos perdidos, olhando para os lados sem nada enxergar
é isso, é isso mesmo, não penso eu que por um efêmero momento
pudesse sozinho escalar, com o verde do musgo entre meus dedos
olhar pra trás e perceber que um dia já fui arrebatado

E amarrado, com as mãos nas costas olhando pra cima
gritando, digo para os ratos nos cantos redondos
Cansei...
Cansei...

Agora não é comigo, e vivo
sinto um brilho, como um límpido vinho em uma taça
das mais puras uvas, o som vermelho de sua presença
agora eu sei
Ainda existe esse brilho.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Nublado em Movimento

A barba mal feita
A vontade de não sair da cama
Mas eu não sou assim, nunca fui
Ah, sim, já fugi, várias vezes deixei armadilhas por fazer

Caçador de estrelas, pensador noturno com destreza
e tudo é igual, nunca muda, roda gigante, pirocóptero, fuck you
É tudo a mesma latrina, o que você é hoje?
Somos um conjunto de personagens que criamos, e hoje quero estar nas cortinas

Olhar sem sentir, formigar sem ao tocar doer
Doer a pele, que ao tentar alcançar uma estrela, cai de seu tamborete
Porque é pequeno demais pra se esticar e alcançar
Mesmo que que seja apenas para a cortina fazer descer

Ah, sim, eu disfarço, você não?
Hipocrisia, fujo dela como fugi da cruz, e não sei onde a deixei
Um desenhista sem lápis, um pintor sem tinta, um sonhador sem esperança
Tem momentos que queríamos apenas sermos abraçados, você não?

Barba mal feita, corpo por deixar, corpo por levar
E sentado espero que em algum momento, tudo seja apenas um momento
e me deixo nublado e encostado em movimento
Um movimento por dentro paralisado.

Estar

Vivendo por cima, sem saber onde está
Simplesmente viver, cercado de amigos
fingindo suplício, em puro alto mar

Um sopro noturno, vidro espalhado
O ouvido zumbindo cercado de abelhas
Hora de mudar, hora de voar
Eu quero saber, viver, aprender

Te pega no colo, seja o colo
Coloca de lado o delírio da tristeza
Chora o toque do amor, ou do momento
Você não precisa, que você sinta

O agora passa, então entenda o que quiser
Finja sua vida sem saber onde está
Finjo a minha onde quero estar
Desprovido de direção certa, mas quem está?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Amar, amar e amar

Não, você não está sozinha
E viver é muito bom, já tentou experimentar?
Pra que sobreviver, se você pode se deliciar
E cada minuto amar, amar e amar

Cada passo que você pode dar nesse dia
é simplesmente tudo o que você pode ter de bom
tudo que você pode ter de melhor nos poucos anos de vida que temos
então aproveite para amar, amar e amar

Sabe aquele frio que você sente na barriga
na espinha, nas mãos, na nuca, oras, no corpo todo
então, porque isso tem que ser raro
só para sobreviver? Ame, ame e ame

Posso te contar um segredo?
As paredes não tem ouvidos
elas não vão entender seu choro
O amor, o amor e o amor, estão fora das quatro paredes

Estão em todas as pessoas
nos toques, nos abraços, nos olhares
porque lágrimas misturadas em um rosto
é muito mais forte que um reboco da sua parede
porque são destiladas por amor, amor e mais um pouco desse amor.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Metade tudo

Somos uma mistura
Metade loucura
Metade medo
Medo que nos tortura

Porque, todo mundo
bem lá no fundo
Nem que seja por um instante
enlouquece no profundo

Mas o medo que nos prende
laçando nossos braços em serpente
finge aos nos falar
que o que somos nunca foi suficiente

e como em um palco de dúvidas
o teatro oferece as falsas loucuras
e essas, todas corretas e pré-escritas
nos mata em cordas de lamúrias

Um dia, morre, sim, morreremos
os olhos irão escurecer
mas antes desse ato se encerrar
você poderá olhar para trás e agradecer?